segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Nº 4 * Amy Winehouse - Back To Black


Louca, bêbada, drogada, podem falar o que quiser sobre Amy Winehouse, mas uma coisa ninguém pode negar, ela tem muito talento.
Conheci o trabalho de Amy bem antes de ela ficar famosa no Brasil. Logo que ela lançou o seu primeiro álbum (Frank) eu já tive acesso as musicas dela, e era algo impressionante. Com sua voz forte, emocionada, ela me conquistou logo na primeira música. Amy lembra as grandes cantoras negras de antigamente, não só pela sua voz mas também pelo seu estilo, eu me lembro de como fiquei surpreso ao ver uma foto sua pela primeira vez, uma garota branca, com cara de rica, e fazendo um tipo de música negra que a muitos anos não se ouvia.
Amy é o tipo de caso de artista engolido pela fama, os problemas com álcool e drogas já existiam, mas foi somente depois de começar a fazer sucesso que as coisas pioraram. Se prestarmos atenção, já da pra perceber uma certa diferença na voz dela entre o primeiro e o segundo CD, mas Amy continuou, e pegou todos problemas pessoais que surgiram com a fama do seu primeiro álbum, e fez um segundo CD ainda melhor.
Back To Black é uma obra prima, acho que nunca no mundo da música alguém escreveu musicas tão pessoais e tão diretas quanto Amy nesse CD. Amy praticamente não usa meias palavras, é direta, não tem pudores, sua musica é crua, completamente diferente do que estamos acostumados a ouvir hoje em dia.
O triste de tudo isso é ficar imaginando quanto tempo Amy ainda vai durar. Ela tem um talento que a faria certamente permanecer pra sempre no hall das grandes divas da música, mas hoje, com tantos problemas por conta das drogas que usa, ela vai acabar sendo lembrada apenas como uma grande cantora que foi morta pelo vício.
Amy está no fim, acho muito difícil que nessa altura do campeonato ela ainda consiga se recuperar do vício, largar as drogas e voltar a ter uma vida um pouco mais normal. Mas por outro lado, isso é Amy, todos esses problemas fazem parte do que ela é, e talvez o seu talento venha justamente disso, de não esconder os problemas, mas sim cantar todos eles.
Rehab abre o CD já explicando como Amy enfrenta as coisas “They tried to make me go to rehab but I say no, no, no”. Logo na primeira música Amyescancara sua vida pessoal e seu relacionamento com as drogas, e mais, deixa bem claro que se isso tudo é um problema para os outro, pra ela não é! A banda perfeita que a acompanha faz da música um clássico, todo mundo sempre vai se lembrar de Amy e todo mundo sempre vai se lembrar de Rehab.
Amy além de tudo é sempre muito irônica em suas letras, essa é a sua forma de encarar as coisas e em You Know I’m No Good, usa essa ironia pra falar de amor, ou a falta disso! A canção fala de um caso de amor que não deu certo, e enquanto ele perde tempo tentando entender o que deu errado, Amy simplesmente segue em frente, foi bom, mas acabou, aliás ... nem foi assim tão bom.
E se realmente a intenção desse CD era voltar ao Black, Amy chega ao ápice em “Me & Mr Jones. O clima é de volta no tempo total, a banda, os vocais em estilo do woop e a voz de Amy simplesmente perfeita! Se essa música tivesse sido lançada a 50 anos atrás, com certeza seria um dos maiores sucessos da época e seria lembrada e cantada até os dias de hoje.
Just Friends tem uma levada meio reagge, aquele momento mais animadinho do baile, onde os casais começam a dançar menos românticos e mais animados. Uma canção simples, com uma melodia simples, uma letra fácil e o resultado é uma música encantadora.
Como sobreviver a um grande amor? Acho que essa é a pergunta central que Amy nos faz em Back To Black, e a resposta ela mesmo da, não se sobrevive! Essa é uma das mais lindas canções do CD, o clima é fúnebre, e é assim por que nessa música Amy sepulta o seu amor, nos mostra que a única forma de terminar um amor é mata-lo, cortar pela raiz. Amy fala mais uma vez de sua vida pessoal, do fim do seu relacionamento com seu marido e de como isso nunca poderia ter dado certo realmente. E então Amy fica realmente desolada e anuncia Love Is A Losing Game”, melancolia pura nessa canção, ela não chega a ser triste é só melancólica mesmo, é Amy entregando os pontos, desistindo dessa coisa estranha que é o amor. É música pra se dançar de rostinho colado pela ultima vez, uma despedida.
Tears Dry On Their Own é uma música mais animadinha, não que a letra seja sobre temas felizes, mas o clima é! Amy já se recupera, não vai perder o seu tempo com essa bobagem de sofrer, isso não adianta nada. O melhor a fazer é pegar outra bebida e puxar alguém pra dançar que o baile animou novamente.
Mas mesmo sendo tão forte, Amy tem um coração, e esse coração também sofre. Sabe quando você se faz de forte pros amigos, diz que ta tudo bem, mas quando chega em casa desaba? A trilha sonora vai ser Wake Up Alone ! A música é triste, um lamento de Amy pelo o amor que acabou, mas as coisas vão melhorar, ela vai seguir em frente!
E mais uma vez Amy volta ao Black, desta vez em “Some Unholy War. Mais uma vez o vozeirão, os vocais, só que desta vez com um sopro de modernidade, Amy volta ao black mas mantém um pé no hip hop com uma batida que dura a música toda!
E pra fechar o CD, a minha preferida. He Can Only Hold Her fecha o CD num clima perfeito, depois de todo o turbilhão de emoções das outras musicas, Amy nos apresenta essa canção leve, gostosa, chamando todo mundo pra dançar pela ultima vez. E Amy vai se despedindo em grande estilo, mais uma vez acompanhada de sua banda fantástica, e a música vai terminando e você pode perceber as pessoas indo embora com um grande sorriso na cara, a noite foi boa, passamos por todos os sentimentos e sobrevivemos.

Ouvir esse CD por um lado me deixa um pouco triste, Amy chegou no seu melhor nesse CD, e me fez imaginar todas as coisas maravilhosas que ela ainda iria fazer, mas agora, no meio de tantos problemas pessoais e drogas, tenho que me contentar com o que ela fez até aqui, que por sinal, foi muito mais do que um monte de gente tem feitos em anos por ai. Depois dela, todo dia pipocam na internet “novas Amy”, algumas muito boas outras nem tantos, mas nenhuma com a combinação de fatores que levaram Amy ao estrelato, ela é única, e não tem como ser copiada.

Um comentário:

Rafael Angelo disse...

Winehouse é fantástica. Tbém a conhecia antes do turbilhão do sucesso, na época que nem tinha tatuagens, ou não era possível vê-las; quando nem havia adotado aquela colméia na cabeça.

Sempre que escuto Amy, logo me vem à mente a mestra Billie Holiday,conhece? é das antigas. Tem a mesma potência,sensualidade, melancolia, tristeza e passa emoção.

É isso que falta em muitas cantoras, emoção, grande parte possue técnica e talento, mas música é arte. Técnica é importante,porém o essencial é emoção. Mais vale um grito que emociona como Janis Joplim do que um com técnica como Sarah Brightman

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