sexta-feira, 2 de novembro de 2018

01/11/2018

Eu acho que conforme o tempo vai passando, e a gente vai ficando mais velho, a gente vai encarando as perdas de uma forma mais intensa, mais dolorida. É como se a gente tivesse um cronômetro dizendo que o nosso tempo tá acabando e, talvez por isso, a gente acabe encarando essa perda como algo maior, algo que não vamos ter tempo de recuperar com um amor futuro.
E nisso, além de ter que encarar a dor real da perda, de não ter mais aquela pessoa ao nosso lado, além de ter que encarar a ausência, a gente também tem que encarar a realidade de que os anos estão passando, e as possibilidades diminuindo.
Pra uma pessoa como eu, que passou toda a vida adulta solteiro, é impossível não acabar nutrindo um certo sentimento de fracasso, e isso acaba se somando a todas as outras dores que você já está sentindo.
Eu sei que relacionamentos vem e vão, e eu sempre procurei ter em meu coração de que eles não dão errado, eles dão certo pelo o tempo que tem que dar. E essa é mais uma dor que eu tenho, do quanto no nosso tempo foi curto, limitado. O quanto esse amor poderia ter sido imenso se em tão pouco tempo ele já foi tão grande.
Sendo racional, eu sei que provavelmente eu vou gostar de um novo alguém, talvez eu ame um novo alguém. Mas é justamente nessa ideia que mora a minha dor. Saber que eu nunca mais vou ter você nos meus braços na hora de dormir, e que uma hora eu vou me acostumar com isso, eu acho de uma tristeza sem tamanho. É como se todo esse sentimento enorme que eu tenho dentro de mim, tivesse de repente ficado sem função. Não tem mais utilidade.
O que a gente faz com os sentimentos quando eles não tem mais utilidade?

fevereiro