sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Nº 2 * Lauryn Hill - The Miseducation Of Lauryn Hill


1998, eu tinha 14 anos quando esse CD foi lançado, e hoje pode parecer muito comum ouvir black music, ta na moda e em todas as rádios, mas em 1998 (gente já faz 10 anos!) não era nada comum um gay de 14 anos ouvindo hip hop.
Na verdade eu acho que muito do meu gosto musical não seria o mesmo se nessa época eu não tivesse freqüentado tanto a casa da minha amiga Aline, onde agente passava horas batendo papo e ouvindo os CD’s do irmão dela, e num dia qualquer aparece o CD de uma tal de Lauryn Hill. É claro que nessa época eu já sabia quem era Lauryn Hill, eu já tinha ouvido Fugees, e também já tinha assistindo um monte de vezes Mudança de Hábito 2, mas esse CD era simplesmente diferente de tudo o que se fazia na época.
O hip hop e a black music em geral já estavam criando forças e fazer fama fora dos Estados Unidos, mas o que se via geralmente era músicas de caras como Eminen, mulheres cantando era algo raríssimo de se ouvir, não que não tivesse, tinha ... e muitas, mas nessa época a fama ficava com os caras mesmo, e uma voz feminina só aparecia em uma ou outra música como participação nos vocais.
Agora imagina no meio disso tudo aparecer uma mulher que além de cantar, escreve as músicas, toca um monte de instrumentos, e ainda produz o CD. Lauryn fez isso, e fez muito bem. Fez um CD que agradou até quem não curtia muito black, um CD que agradava ao mesmo tempo pelas novidades no som de algumas músicas e pelo pé no passado clássico da black music de outras.
Depois de uma chamada na sala de aula onde Lauryn não esta, “Lost Ones” abre o CD com batidas e rimas fortes, e a impressão que se tem é que é uma música que Lauryn colocou ali logo no inicio pra impor respeito. A música fica mais suave no refrão, mas não se engane, essa música esta ali pra mostrar a força e o poder de Lauryn, e mostra!
Em “Ex-Factor” já surge uma Lauryn mais suave, sensual, romântica. É uma música tão bem trabalhada em todos os sentidos, que seria perfeita se fosse só instrumental ou só á capela, e tudo junto vira uma celebração ao talento de Lauryn. Logo de cara uma das melhores do CD, com um refrão maravilhoso e que eu levei um tempão pra decorar direito ... rs. Ah! E pra melhorar ainda tem um solo de guitarra fantástico no final da música.
Lauryn com toda certeza devia estar possuída de um espírito de muita luz no dia que escreveu “To Zion”. A música é linda, mas o maior mérito aqui vai pra letra, onde ela conta sua própria história de uma forma tão franca que é impossível não se emocionar se você souber o que ela está falando. Essa música ainda conta com a participação do Carlos Santana na guitarra, e não teria melhor acompanhamento. Essa música tem um tom meio triste, meio melancólico, mas a idéia é essa, colocar pra tocar e chorar.
“Doo Wop” é o nome de um tipo de banda que existia nos Estados unidos antigamente, que era formada por grupos que geralmente cantavam sem o acompanhamento de nenhum instrumento, e é também o nome de um verdadeiro tributo musical que Lauryn faz aos grupos de R&B de antigamente. A música é uma verdadeira festa, é como se tivesse umas cinco Lauryn’s cantando juntas, é música pra animar o dia, e anima! É super moderna mas ao mesmo tempo poderia ser algum grande sucesso dos anos 50!
Se esse CD fosse uma festa, “Superstar” seria o momento de dançar coladinho, pegar o seu par e praticamente fazer uma dança do acasalamento, por que essa musica é sexy pra caramba. Super indicada pra ouvir a dois, de preferência na horizontal!
“Final Hour” é o momento em que Lauryn se lembra do seu passado no Fugees, a musica é a mais rap do CD, muito boa! Adoro ouvir mulheres cantando as rimas do rap, algo que como eu já disse era super raro quando esse CD foi lançado, mas aqui Lauryn mostra que sabe muito bem como por o seu lado gangsta pra fora!
Mas todo bom CD sempre tem aquela música de fossa né? Bom, esse tem mais de uma, e a primeira é “When It Hurts So Bad”. Mas essa é uma música de fossa pra quem já ta se recuperando, naquela fase “nem ai pra isso”. As batidas da música são clássicas, totalmente hip hop melódico, e com um final fantástico onde dá pra imaginar Lauryn com o dedo apontado na cara de um canalha qualquer.
E pra toda boa festa agente sempre chama os amigos, e foi o que Lauryn fez! “I Used To Love Him” tem a perfeita participação da Mary J. Blige, e não teria parceria melhor, a voz de Mary dá o tom exato pra essa música, uma espécie de bate papo entre amigas sobre o amor, cada uma contando a sua história e fazendo o refrão um verdadeiro bate boca de rimas.
Em “Forgive Them Father” Lauryn volta ao tradicional, é o tipo de canção que normalmente seria cantada por um homem com uma mulher fazendo apenas a voz do refrão, afinal rap é coisa de homem né? Não, não é! Lauryn leva a música toda sozinha, inclusive na hora das rimas.
Imagine um grupo de amigos se juntando pra fazer música, todos mais preocupados em se divertir do que levar a coisa a sério. O resultado dessa brincadeira é “Every Ghetto, Every City”, música totalmente despreocupada, feita só com a intenção de divertir. Só que mesmo quando Lauryn faz algo aparentemente sem se preocupar muito com a seriedade da coisa, bom, ela sempre sabe o que faz!
“Nothing Even Matters” é uma música que eu não gosto muito. Com a participação do cantor D’Angelo, é uma música meio chatinha, melosa de mais, na verdade até é uma música boa, mas não pra se ouvir sempre, tem que estar no clima, um clima soul e romântico.
“Everything Is Everything” foi o segundo single lançado desse CD e é perfeita! Mais uma vez Lauryn mistura o moderno com o clássico, e ao mesmo tempo em que a música é repleta de mixes a batidas super modernas, violinos clássicos acompanham a batida durante toda a música. O clipe dessa música é super bacana também, com Lauryn correndo pela ruas de Manhattam que depois se transformam num enorme vinil!
Lauryn tem um passado de cantora de coral de igrejas, e ela parece lembrar desse passado em “The Miseducation Of Lauryn Hill”. A música tem um clima super antigo, com barulhos de vinil pra ajudar no clima. A base da música é bem simples só piano e violinos, tudo pra valorizar a voz de Lauryn que esta fantástica.
Regravar um clássico é algo super complicado, você sempre corre o risco de fazer uma grande merda, ainda mais quando este clássico já tem tantas outras regravações.
Mas em “Can't Take My Eyes Off Of You” Lauryn supera até mesmo o original, botou batidas modernas na música mas sem alterar o clima dela, deixou mais moderna mas sem mexer no espírito da canção. A música é linda, romântica até dizer chega, falando de amor mesmo, desses que todo mundo quer, que todo mundo sonha. Trilha sonora perfeita para aquele pedido de desculpas depois que você fez uma grande cagada com o seu amor.
Pra fechar o CD Lauryn fez uma versão ao vivo de “Tell Him”. A música é linda e super cativante, te deixa com um puta gostinho de quero mais. É música pra dançar a dois, pra fazer amor, pra chorar sozinho num canto ... é a música mais bonita do CD pra mim!
E lá se vão 10 anos do lançamento desse CD! Depois dele Lauryn só lançou mais um CD (Unplugged), e todos os anos surgem milhões de boatos sobre o lançamento de um novo álbum, mas na verdade Lauryn parece estar bem desencanada desse assunto, faz um show aqui outro lá (inclusive um no Brasil no ano passado), mas CD que é bom nada. Então o que nos resta é curtir esse CD, que mesmo depois de 10 anos ainda é super atual e fantástico. Talvez seja melhor mesmo ela não lançar nenhum outro CD, ele deve saber o quanto vai ser difícil fazer algo melhor do que esse.

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